Miguel Lemos Rodrigues, administrador executivo da Águas de Gaia, Empresa Municipal, SA

Entrevista com Miguel Lemos Rodrigues, administrador executivo da Águas de Gaia, Empresa Municipal, SA, na semana em que vai ser apresentado publicamente o projecto Rota da Água

Por Caria de Oliveira (texto e foto)

Na semana em que vai ser apresentado o projecto Rota da Água, um museu ao ar livre que pretende envolver todos os gaienses na protecção deste bem essencial, o Vozes de Gaia publica uma entrevista a Miguel Lemos Rodrigues. O administrador executivo da Águas de Gaia, Empresa Municipal, SA revela alguns dos desafios de quem tem a responsabilidade de liderar a entidade responsável pela distribuição das águas, rede de saneamento e estações de tratamento de águas residuais do concelho.

VOZES DE GAIA – O que é a Águas de Gaia?
MIGUEL LEMOS RODRIGUES – A Águas de Gaia é detida a 100 por cento pelo município de Vila Nova de Gaia” e tem como principais objectivos a gestão da rede de distribuição da água e da rede de saneamentos (águas residuais domésticas). Gerimos também a rede de águas pluviais, na qual temos uma rede separativa. As águas residuais têm como destino final as ETAR (estação de tratameno de águas residuais), onde são tratadas e depois devolvidas à natureza de forma neutra e sem poluição, enquanto as águas pluviais não necessitam desse tratamento. Gerimos também a recolha de resíduos sólidos e urbanos e a limpeza urbana. Somos uma empresa do âmbito ambiental de Vila Nova de Gaia, a grande preocupação de hoje.

“Temos 356 colaboradores, um orçamento na ordem dos 60 milhões de euros.”

Temos autonomia financeira, administrativa e organizativa em relação à Câmara, alinhada com os princípios e a estratégia municipais. Temos 356 colaboradores, um orçamento na ordem dos 60 milhões de euros. E ainda gerimos a orla marítima – muito interessante na componente de passadiços – e o programa Bandeira Azul – toda a área relacionada com as praias está sob a gestão da Águas de Gaia por delegação de competências do município.

As águas residuais são tratadas na ETAR e depois devolvidas à natureza de forma neutra. Foto: Ana Luísa Silva/PÚBLICO

A Águas de Gaia tem como objetivo a qualidade de vida das populações. Os gaienses estão devidamente informados e sensibilizados para a função da empresa?
Gostávamos que os gaienses estivessem total e devidamente informados. De uma maneira geral, as populações são conhecedoras da nossa missão, embora deva haver um esforço para que a população participe no nosso quotidiano e perceba a nossa missão. Empresas como a nossa são muito criticadas, pois somos os maus da fita que enviamos a factura da água todos os meses. Não criticamos a conta da Internet, nem do telemóvel, da televisão por cabo. Mas, aquela conta, que é a mais pequena de todas, que é uma necessidade, é a mais criticada.
A nossa factura é composta por vários factores: pela água que consumimos em casa e pelo saneamento. E porque pagamos saneamento? Porque toda a água que consumimos é devolvida e tem de ser tratada, para que possamos ter praias boas, bandeiras azuis e um bom ambiente. Depois, há todo um ecossistema que trabalhamos. Os próprios resíduos também são pagos através da factura da água. Gostava que a população conhecesse mais o nosso trabalho na questão da prevenção dos ecossistemas, da biodiversidade, o trabalho nas ribeiras, nas linhas de águas, nas praias, na conservação da natureza… Recebemos água absolutamente segura. Podemos beber água da torneira à vontade. Além disso, temos uma rede de saneamento que não polui as praias, daí as inúmeras bandeiras azuis que nos são atribuídas e esse é um trabalho de muita gente.