Foto: Gonçalo Dias/PÚBLICO

Por Dalila Garcia

Desci pelas ruas íngremes até à Afurada, ali mesmo, junto à foz do Douro. S. Pedro da Afurada, correctamente dito. Zona piscatória por excelência.

Parei junto ao Lavadouro. Uma mulher lavava a roupa, cantarolando uma canção do Quim Barreiros…

Esfregava e batia as peças na pedra. Abordei-a. Entre uma palavra e outra, foi dizendo que tinha 74 anos, duros de vida. Não tem, nem quer ter, máquina de lavar roupa. Prefere o convívio do “tanque colectivo”.

Quando lhe perguntei o nome, disse que podia ser Maria. Quanto à profissão, era mulher de pescador, mãe e avó…

Gosta daquele local porque é lá que se juntam as mulheres da sua geração, falam de tudo e lavam a roupa. A roupa ali lavada fica mais branca… E vêem o rio… de onde tiram o sustento.

Os estrangeiros, que a pandemia levou, acham piada ao local. Não têm “disto” na terra deles! Tiram muitas fotos. Também gostam das roupas estendidas nos varais, a voar ao vento.

Nos varais voavam as roupas, como voam sonhos.