A entrada ruidosa das trotinetes no quotidiano do concelho

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O uso indevido e incorrecto de trotinetes gera apreensão | Nuno Ferreira Monteiro / Arquivo PÚBLICO

Estes pequenos veículos de deslocações rápidas em curtas distâncias, quase silenciosos, chegaram e entraram a fazer algum ruído no quotidiano de Gaia. Uma solução de micromobilidade de curta duração e sustentável, as trotinetes invadiram o espaço público e deixaram um rasto de contestação.

Por Fernanda Maia

Em Vila Nova de Gaia, o terceiro concelho mais populoso do país, com mais de trezentos mil habitantes, existem cerca de 800 trotinetes, distribuídas por dois operadores privados, que já geraram várias queixas dos munícipes, quer por excesso de velocidade, quer por serem abandonadas na via pública.

A circulação, que inicialmente estava restrita à zona costeira e ribeirinha desde 2020, este ano estendeu-se à zona urbana, designadamente à Avenida de Gaia e ao Jardim do Morro, e com locais próprios e devidamente sinalizados para o seu estacionamento. 

Ao projecto GAIA+TROTINETE, sendo a trotinete vista como um complemento ao transporte público, a autarquia somou o programa USA MAS NÃO ABUSA, campanha que visa sensibilizar os utilizadores deste meio de transporte para o seu uso correto.

Compete aos operadores fazer com que os utilizadores cumpram as regras, um dos pontos de discórdia desde a chegada deste novo meio de transporte um pouco por todo o mundo.

No guia de utilização das trotinetes, publicado no site da autarquia, pode-se ler: “O parqueamento de veículos pelos utilizadores de serviços de partilha deve ser efectuado preferencialmente num ponto de partilha com lotação disponível. É proibido o parqueamento de trotinetes nos passeios, acessos rampeados, passadeiras, paragens de transporte público, paragens destinadas a serviços turísticos, posturas de táxis, lugares de estacionamento de duração limitada, lugares de estacionamento destinados a pessoas com mobilidade reduzida e lugares de estacionamento privativos.” Mas alguns utilizadores não respeitam estas regras e geram alguns constrangimentos, tanto à Polícia Municipal, como à Autarquia. A falta de legislação específica para este tipo de transporte tarda em chegar.

O PARQUEAMENTO DE VEÍCULOS PELOS UTILIZadores de serviços de partilha deve ser efectuado preferencialmente num ponto de partilha com lotação disponível. é proibido o parqueamento de trotinetes nos passeios, acessos rampeados, passadeiras, paragens de transporte público, paragens destinadas a serviços turísticos, posturas de táxis, lugares de estacionamento de duração limitada, lugares de estacionamento destinados a pessoas com mobilidade reduzida e lugares de estacionamento privativos”

Alan Areal, diretor geral da Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP), afirmou que esta está a preparar uma proposta para apresentar ao Governo que tem por base estudos internacionais, em que a troca de experiências entre distintas regiões visa apurar as melhores práticas.

Relativamente aos acidentes, que têm acontecido com maior frequência e com maior gravidade, Alan Areal refere que este estudo ainda não foi feito for falta de elementos nos hospitais quando há sinistros. São caracterizados como acidentes rodoviários e as forças de segurança não fazem uma descrição completa da situação: se foi excesso de velocidade, álcool, despiste, colisão, se é homem, mulher ou criança.

A PRP prevê alterações ao Código da Estrada, uma vez que quem circula de trotinete está sujeito às regras dos demais utilizadores de veículos na via pública. A começar pela limitação da velocidade, que não deve ultrapassar os vinte e cinco quilómetros por hora e cuja proposta é reduzir para vinte quilómetros por hora, de modo a diminuir o impacto. A proibição de circulação nos passeios, o uso limitado às ciclovias e a maiores de dezasseis anos serão aspectos a considerar.

Pedro Santos, de 16 anos de idade, utiliza este serviço quase todos os dias, entre o colégio onde estuda e o Parque da Lavandeira, onde joga futebol. “É um serviço seguro, rápido, não muito caro e não poluente, o que é muito bom”, afirma.

Já a Dona Maria da Conceição, de 78 anos, diz que “tem muito medo destas coisas” “Uma vez ia sendo atropelada no passeio por um jovem, que me tocou no saco das compras e quase ia caindo ao chão”, relata.

A Polícia de Segurança Pública apela a uma utilização segura por todos os utilizadores de trotinetes, de forma a que os riscos sejam mínimos para todos.