Por Jorge Santos

A Slava, localizada em Santo Ovídio, é uma associação que dá todo o apoio em diferentes frentes aos refugiados ucranianos. O apoio médico, a assistência jurídica e psicológica, e a distribuição de cabazes alimentares e de higiene, são algumas das suas tarefas diárias.

A Slava, instituição pública de solidariedade social (IPSS), nasceu da vontade de pessoas anónimas – portuguesas e ucranianas – de ajudar um povo que foge da invasão russa. E não esquecem que a maioria dos que que partem são mulheres e crianças, pelo que na sede, em Gaia, há uma creche e zona de brinquedos.

Para além desse equipamento, disponibilizam um conjunto de ajudas indispensáveis: doação de roupa, alimentos e artigos de higiene; apoio jurídico e encaminhamento ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras; coordenação médica; gabinete de apoio psicológico, apoio escolar (parceria com a Escola Profissional de Gaia); e, em breve, gabinete de cabeleireiro e estética.

A associação tem também recebido pedidos de ajuda de realojamento, solicitados por mulheres ucranianas que “foram trazidas da Ucrânia por pessoas que iam à procura de empregadas para todo o serviço, sem o mínimo respeito pela dignidade humana”, conta-nos Maria Helena Peixoto, uma das fundadoras e voluntária na associação. 

A Slava nasceu quando as câmaras municipais de Gaia, Matosinhos e Porto chamaram a si a liderança do processo de apoio nos seus concelhos. Maria Helena Peixoto conta-nos como tudo começou.

“Vi a reportagem na RTP, sobre quando iniciou a guerra e começaram a chegar os refugiados ao seminário do Cristo Rei. Fiquei sensibilizada até porque, há cerca de 20 anos, tinha dado aulas a ucranianos lá mesmo, no seminário. Fui lá ajudar. Entretanto, começou a chegar gente, muita gente. À medida que as reportagens iam passando, mais gente vinha para colaborar. E foi-se criando uma dinâmica eficaz. Entretanto, a câmara municipal criou um espaço na UTIC e passou a gerir o processo. Nós, os voluntários, tínhamos uma visão mais abrangente e não acreditávamos que a autarquia tivesse capacidade de resposta.”

E, na sua opinião, não teve. Rapidamente começaram a pedir voluntários e a ter grandes dificuldades. E é aí que nasce a Slava. “Ainda antes de as câmaras municipais intervirem no processo, já nós, sociedade civil, tínhamos enviado, em semana e meia, 10 camiões com 24 toneladas cada, com roupa, alimentos e medicamentos. Íamos ajudar, mas a forma como o pretendíamos fazer era diferente. Com outra articulação”, explica Maria Helena Peixoto.

  

Decidiram agir. Criando a associação, transformando-a em IPSS e, actualmente, com várias dezenas de cabazes semanais e mensais com que ajudam as famílias que estão cá. Para a voluntária gaiense, a Slava tem de estar em permanente actividade, pois foi esse o espírito que norteou a sua fundação.

“Chegar à fronteira da Polónia com a vida resumida a um saco plástico nas mãos e umas chinelas nos pés sensibiliza qualquer um.” Foi isso que Francisco Vilhena, presidente da direcção, viu quando chegou à fronteira da Polónia para trazer refugiados. 

“Apesar de ser esse o nosso objectivo primordial, ajudar os ucranianos que cá estão, estamos abertos a todas as causas. Sejam uma doença rara numa criança, seja que causa for. E na nossa sede, que muito nos orgulha, toda reabilitada por nós, vamos fazer mais. Temos lá uma sala, uma espécie de auditório com um minipalco, onde podemos realizar actividades culturais”, promete o presidente.