Projecto é apresentado amanhã e tem como objectivos explicar o ciclo urbano da água e promover pontos de interesse turístico do concelho
Por Caria de Oliveira
O projecto Rota da Água é apresentado amanhã, pelas 10h45, no Restaurante Casa Branca, em Canidelo, Vila Nova de Gaia. Numa altura em que a escassez de água é uma preocupação a nível mundial, a Águas de Gaia inaugura uma série de percursos pelo concelho para mostrar a importância deste recurso, ao mesmo tempo que servirá como montra para as atracções turísticas vila-novenses. Miguel Lemos Rodrigues, administrador executivo da empresa municipal, explica tudo na terceira e última parte da entrevista ao Vozes de Gaia (a primeira e a segunda partes da entrevista).
O que está a ser planeado pela Águas de Gaia para enfrentar o problema da escassez de água?
Em Vila Nova de Gaia, e na área metropolitana do Porto, não existe, felizmente, essa questão. Mas a escassez da água é um problema global. Não devemos desperdiçar um único metro cúbico. Se consumirmos de forma irracional, contribuímos para um problema global. Estamos a desenvolver alguns projectos na reutilização da água residual tratada, da água que devolvemos através dos sistemas de saneamento e que chegam às ETAR [estação de tratamento de águas residuais]. Essa água é tratada e pode ser reutilizada: para regar jardins, limpar as cidades, algumas utilizações industriais. Não precisamos de utilizar água potável, que é tratada para consumirmos, e podemos dar-lhe uma finalidade, numa óptica de economia circular. A água residual tratada que sai da ETAR de Gaia Litoral poderá em breve ser utilizada para regar o Parque de Sampaio, bem como em campos de golfe ou limpeza urbana. Estamos a contribuir para a sustentabilidade ambiental. Temos de encarar o futuro como sendo o presente.
O que é o projecto Rota da Água? Que interesse tem para os gaienses e para quem queira conhecer Vila Nova de Gaia?
O Rota da Água nasce da visão de criar um museu da água. Explicar e mostrar às pessoas o que é o ciclo urbano da água e como é importante no nosso dia-a-dia. Podíamos fazer isso de forma tradicional, com um edifício: as pessoas entravam faziam a sua visita. Mas quisemos inovar, pensar fora da caixa. Criámos um grande museu da água e um grande centro de educação ambiental à volta da água ao ar livre.
Olhámos para o território e verificámos que há uma enorme riqueza imaterial, a água, seja a orla atlântica, seja na orla fluvial. Ligadas estas vertentes com as diversas linhas de água que abraçam o concelho – quase mil quilómetros de linhas de água –, fizemos o levantamento cartográfico. E contar histórias à volta desses pontos de interesse. Descobrimos que havia uma série de histórias para contar, curiosidades à volta destes percursos pedonais, de bicicleta, de veículos motorizados… O projecto Rota da Água é um grande centro de educação ambiental, um grande museu ao ar livre, onde qualquer cidadão pode inscrever-se gratuitamente, no Centro de Educação Ambiental, e programar visitas guiadas para percorrer o concelho.
A ideia das histórias, das curiosidades das linhas de água, que as gentes partilham, leva-nos a pensar na descoberta para além do grande centro urbano de Vila Nova de Gaia.
Temos várias rotas. Vamos potenciar, através da água, o conhecimento do porquê da Capela do Senhor da Pedra, de haver uma componente de rochas com interesse geológico em determinado lugar, de perceber que ao longo do rio Uíma há pequenos moinhos e zonas com história. Iremos potenciar o concelho numa lógica de produto turístico através da água, para que, quando se falar de Vila Nova de Gaia, não se pensar só nas caves do vinho do Porto e não se ficar pelo Cais de Gaia, mas conhecer o interior do concelho. Queremos usar a água como o transporte ao encontro de histórias e sensibilizar para a necessidade e importância deste grande recurso.
O projeto já existe? Quando vai ser anunciado?
O projecto vai ser oficialmente lançado no dia 1 de Julho [amanhã], com a tradicional cerimónia do hastear das bandeiras azuis, este ano com a novidade da Rota da Água. Vamos fazer a viagem inaugural e mostrar que há este novo serviço, que é muito mais do que turístico, é cultural e de pertença das populações.
